CUSTO MÉDIO DE LEVAR SOJA DO BRASIL À CHINA AINDA É 2,5 VEZES MAIOR QUE O DOS AMERICANOS, DIZ CNA

Fonte: Dimmi Amora - Agência iNFRA

O custo médio para se transportar soja do Brasil para a China atualmente é cerca de 2,5 vezes maior que a média dos produtores americanos. O número é melhor que o do início da década, quando essa diferença era de quatro vezes, mas segue alto, na avaliação de Elisangela Pereira Lopes, coordenadora de Assuntos Estratégicos da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
As informações foram repassada pela entidade à Agência iNFRA em resposta a questionamento feito durante a entrevista coletiva anual da associação, promovida nesta quarta-feira (1º). Na coletiva, foram apresentados os dados da produção do ano, que teve crescimento de 9% do seu PIB e previsão para 2021 de aumento de mais 3%. Os dados estão neste link.
Há duas semanas, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tem apresentado informação de que o custo de transportar soja do Mato Grosso para a China foi neste ano mais baixo do que o de produtores da região do Meio-Oeste americano, pela primeira vez, após a conclusão do asfaltamento da BR-163/PA.
Segundo Elisangela Pereira Lopes, coordenadora de Assuntos Estratégicos da Confederação, a informação que foi repassada pelo ministério é de que o ministro se baseou num trabalho da EPL (Empresa de Planejamento e Logística) para apresentar os números.
Nesse trabalho, denominado "Novo Perfil do Transporte de Grãos Brasileiros - Artigo Técnico nº 1", que tem uma página, a estatal de planejamento do ministério faz um comparativo de preços entre o transporte do Mato Grosso à China usando a BR-163 e os terminais portuários de Miritituba (PA), com custo de US$ 84,48 por tonelada nesta safra (custo até a China).
O comparativo do trabalho é com a produção dos estados de Illinois e Minnesota, nos EUA, cujo valor informado de transportes até a China seria de US$ 96,58 a tonelada. Daí vem a conclusão de que o frete foi 12% menor em 2020.
O trabalho da EPL não informa o custo em reais no qual se baseou a conta e nem a taxa de câmbio utilizada para a conversão. Como houve uma depreciação do real em 2020 entre 30% e 40% em relação a 2019, o custo do frete na moeda americana já sofreria uma queda natural, independentemente da diminuição do preço efetivamente pago. De fato, órgãos que monitoram o custo de transportes no país indicaram que houve redução em reais do custo de frete na região.


Redução de custos
Segundo Elisangela Pereira Lopes, os valores divulgados pela EPL comparam trechos específicos. A confederação considera a média dos custos de transportes dos diferentes ou diversos trechos dos dois países. Considerando a média dos custos de transportes de pontos diferentes dos dois países para uma distância de cerca de 1,5 mil quilômetros de percurso, o custo dos produtores brasileiros é estimado em US$ 48 a tonelada. Nos EUA, esse custo é de US$ 20 a tonelada.
"Preferimos utilizar a média, demonstrando uma redução nos custos, passando de 4 vezes para 2,5 vezes, em média, em relação ao EUA", disse a coordenadora, afirmando que avanços na logística contribuíram para a redução."Fica claro que novas alternativas de escoamento da safra, isto é, investimento em infraestrutura de acesso aos portos, resultam em importante redução dos custos de transportes, em especial nas novas fronteiras agrícolas".


Preço do diesel
Em resposta a questionamentos da Agência iNFRA, a EPL informou que a escolha por Illinois e Minnesota  foram por eles serem dois dois três maiores produtores de soja do pais, com produção proporcionalmente equivalente à do Mato Grosso. Segundo a estatal, o câmbio médio utilizado no trabalho foi de R$ 5 por US$ 1, foi calculado o impacto do crescimento do valor da moeda americana e a data base dos levantamentos é de outubro de 2020. 
"O principal insumo afetado pelo câmbio é o diesel. Conforme movimento mundial de queda no preço do petróleo ao longo dos últimos meses, o preço do diesel S10 caiu de janeiro a outubro cerca de 7%.  Ainda que fosse utilizado o câmbio médio de 2019 (R$ 3,95 de jan-dez), a rota foi em média 6,5% menor que as mesmas rotas comparadas dos EUA", informa a estatal.